Sapindaceae

Melicoccus oliviformis Kunth

Como citar:

Eduardo Amorim; Eduardo Fernandez. 2020. Melicoccus oliviformis (Sapindaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

582.244,648 Km2

AOO:

40,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Espécie não endêmica do Brasil, ocorre no sul do México (Península de Yucatán), está ausente na América Central e novamente presente na Colômbia e Venezuela ao longo da periferia da região amazônica, Argentina, Bolívia e Paraguai (Jiménez-Rojas et al., 2019). No Brasil apresenta a seguinte distribuição: no estado do Amazonas — no município Manaus —, no estado do Espírito Santo — nos municípios Cachoeiro de Itapemirim, Linhares e São Gabriel da Palha —, no estado de Minas Gerais — nos municípios Aimorés e Nanuque —, e no estado do Rio de Janeiro — no município Quissamã (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Amorim
Revisor: Eduardo Fernandez
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore com até 20 m de altura (Tropical Plants Database, 2020), não endêmica do Brasil, ocorre no sul do México (Península de Yucatán), está ausente na América Central e novamente presente na Colômbia e Venezuela ao longo da periferia da região amazônica, Argentina, Bolívia e Paraguai (Jiménez-Rojas et al., 2019). No Brasil apresenta a seguinte distribuição: no estado do Amazonas, no município de Manaus, no estado do Espírito Santo, municípios Cachoeiro de Itapemirim, Linhares e São Gabriel da Palha, no estado de Minas Gerais, municípios Aimorés e Nanuque, e no estado do Rio de Janeiro, no município Quissamã (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Ocorre na Amazônia e Cerrado, em Cerrado (lato sensu) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Apresenta EOO= 496716km². A espécie poderia ser considerada Em Perigo de extinção pelo critério B2, entretanto EOO supera muito o limiar para categoria de ameaça, possui mais que cinco de situações de ameaça e não possui especificidade de habitat. Somado a esses fatos, a ocorrência disjunta no estado do Amazonas Melicoccus oliviformis possui registros em Unidades de Conservação de Proteção Integral. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que comprometam sua perpetuação na natureza. Assim, foi considerada como Menor Preocupação (LC) neste momento, demandando ações de pesquisa (tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza no futuro.

Último avistamento: 2011
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Nov. Gen. Sp. (quarto ed.) 5, 130, 1821. Melicoccus oliviformis Kunth está em um estágio de domesticação incipiente, ou seja, plantas que apresentam algumas modificações devido à seleção humana, mas cujo fenótipo médio ainda está dentro da faixa observada em seus parentes selvagens. Popularmente conhecida como Huaya India, guaya, huaya país o huaya de monte pela civilização Maia (Jiménez-Rojas et al., 2019a, 2019b).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: Eles são usados como alimento e renda pelos habitantes maias, que vendem as frutas nos mercados regionais e locais. A venda dessas frutas é comum onde durante os meses de março a junho, é comum degustá-los com pimenta e limão, na forma de bolis e em micheladas. No entanto, ainda existem nichos de oportunidade no uso e comercialização do huaya indiano. Por exemplo, como o cubano huaya, lichia, rambutan e logán, seus frutos poderiam ser consumidos como conservas ou produzidos a partir dessas bebidas fermentadas (Jiménez-Rojas et al., 2019a, 2019b).

População:

Flutuação extrema: Desconhecido

Tempo de geração:

Detalhes: circa 84 /120
Justificativa:

As mudas de árvores podem começar a frutificar entre 7 e 10 anos de idade (Tropical Plants Database, 2020).

Detalhes: Não existem dados populacionais.
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2020. Melicoccus oliviformis. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Melicoccus+oliviformis (acesso em 11 de novembro de 2020).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Cerrado, Amazônia
Vegetação: Cerrado (lato sensu)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 2.1 Dry Savanna
Detalhes: Árvore com até 20 m de altura (Tropical Plants Database, 2020). Ocorre na Amazônia e Cerrado, em Cerrado (lato sensu) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2020.Melicoccus oliviformis. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Melicoccus+oliviformis (acesso em 11 de novembro de 2020).
  2. Flora do Brasil 2020 em construção, 2020. Melicoccus. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB135515 (acesso em 09 de novembro de 2020)

Reprodução:

Sistema sexual: dioecious

Ameaças (7):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat past,present,future regional high
Com uma alta densidade demográfica (41 hab. por ha), na zona Norte de Manaus o crescimento populacional é o principal responsável pela degradação ambiental que a mesma vem sofrendo. A construção de conjuntos habitacionais pelo poder público e privado é um dos principais responsáveis pelo desmatamento verificado nos últimos18 anos. Mas sua proximidade com a Reserva Adolpho Ducke há uma grande preocupação, pois os estudos mostram que a Reserva sofre grande pressão devido ao surgimento cada vez mais intenso de ocupações irregulares em seu entorno (Nogueira et al., 2007).
Referências:
  1. Nogueira, A.C.F., Sanson, F., Pessoa, K., 2007. A expansão urbana e demográfica da cidade de Manaus e seus impactos ambientais, in: Anais Do XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Florianópolis, pp. 5427–5434.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.3 Agro-industry farming habitat past,present,future regional high
Linhares (ES) está entre os municípios brasileiros produtores de cana-de-açúcar, cujos plantios iniciaram a partir da década de 1980 e substituíram as florestas nativas e áreas de tabuleiros (Mendonza et al., 2000, Oliveira et al., 2014, Pinheiro et al., 2010, Tavares e Zonta, 2010). Tais cultivos são associados a prática da queima dos canaviais, com a finalidade de diminuir a quantidade de palha e facilitar a colheita (Mendonza et al., 2000, Oliveira et al., 2014, Pinheiro et al., 2010, Tavares e Zonta, 2010). De acordo com a Resolução MAPA nº 241/2010, Linhares é um dos municípios indicados para o plantio de novas áreas de cana-de-açúcar, destinadas à produção de etanol e açúcar. A Conab (2018) estima uma área de cana-de-açúcar de 47,6 e 45,3 mil ha, respectivamente para as safras 2017/2018 e 2018/2019 no Espírito Santo.
Referências:
  1. CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento, 2014. Acompanhamento da safra brasileira de cana-de-açúcar. INFORMAÇÕES AGROPECUÁRIAS - SAFRAS. URL https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/cana
  2. Mendonza, H.N.S., Lima, E., Anjos, L.H.C., Silva, L.A., Ceddia, M.B., Antunes, M.V.M., 2000. Propriedades químicas e biológicas de solo de tabuleiro cultivado com cana-de-açúcar com e sem queima da palhada. Rev. Bras. Ciência do Solo 24, 201–207.
  3. Oliveira, A.P.P. de, Lima, E., Anjos, L.H.C. dos, Zonta, E., Pereira, M.G., 2014. Sistemas de colheita da cana-de-açúcar: conhecimento atual sobre modificações em atributos de solos de tabuleiro. Rev. Bras. Eng. Agrícola e Ambient. 18, 939–947.
  4. Pinheiro, É.F.M., Lima, E., Ceddia, M.B., Urquiaga, S., Alves, B.J.R., Boddey, R.M., 2010. Impact of pre-harvest burning versus trash conservation on soil carbon and nitrogen stocks on a sugarcane plantation in the Brazilian Atlantic forest region. Plant Soil 333, 71–80.
  5. Tavares, O.C.H., Zonta, E.L. e E., 2010. Crescimento e produtividade da cana planta cultivada em diferentes sistemas de preparo do solo e de colheita. Acta Sci. - Agron. 32, 61–68.
  6. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2010. Resolução MAPA nº 241, de 09 de Agosto de 2010. Diário Of. da União, de 10 de Agosto de 2010.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future national very high
Os municípios Aimorés (MG), Cachoeiro de Itapemirim (ES), Linhares (ES), Nanuque (MG), Quissamã (RJ) e São Gabriel da Palha (ES) possuem, respectivamente, 68,26% (92076,7ha), 51,45% (44480,9ha), 48,51% (169611,7ha), 80,46% (122135,6ha), 46,04% (32658,8ha) e 54,29% (23609,5ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020).
Referências:
  1. Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2020. Atlas Digital das Pastagens Brasileiras, dados de 2018. Municípios: Aimorés (MG), Cachoeiro de Itapemirim (ES), Linhares (ES), Nanuque (MG), Quissamã (RJ) e São Gabriel da Palha (ES) . URL https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/index.php/produtos/atlas-digital-das-pastagens-brasileiras (acesso em 20 de março de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 4.1 Roads & railroads habitat past,present,future regional high
A Floresta Nacional de Pacotuba é coberta por formação de Floresta Estacional semidecidual, também conhecida como Mata Seca. Além disso ela é cortada por três rodovias que, com o tráfego intenso de veículos, e a falta de sinalização e consciência ambiental dos transeuntes coloca a Unidade de Conservação em grande risco de incêndios florestais (ICMBio, 2011).
Referências:
  1. ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2011. Plano de Manejo da Floresta Nacional de Pacotuba. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/mata-atlantica/unidades-de-conservacao-mata-atlantica/2188-flona-de-pacotuba (acesso em 09 de setembro de 2019).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3.1 Intentional use: subsistence/small scale (species being assessed is the target) [harvest] habitat past,present,future regional high
Na Floresta Nacional de Pacotuba, existe a prática de retirada de madeira para lenha, principalmente nas proximidades da comunidade de Monte Alegre (ICMBio, 2011).
Referências:
  1. ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2011. Plano de Manejo da Floresta Nacional de Pacotuba. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/mata-atlantica/unidades-de-conservacao-mata-atlantica/2188-flona-de-pacotuba (acesso em 09 de setembro de 2019).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3 Indirect ecosystem effects 9.1.1 Sewage habitat past,present,future regional high
A crescente expansão demográfica e industrial nas últimas décadas, devido à implantação da Zona Franca de Manaus, trouxe impactos ambientais à região. Como principal consequência o comprometimento das águas da bacia do Rio Tarumã-Açu por despejos de esgotos domésticos e industriais, restos de animais, detergentes, desinfetantes, erosão, lixo e detritos que são jogados, dentre outros (Melo, 2002).
Referências:
  1. Melo, E.G. de F., Franken, W.K., 2002. Estudo Físico-Químico nas Águas da Bacia do Rio Tarumã-Açu. XI Jornada de Iniciação Científica do PIBIC/INPA. Manaus-Am. URL https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/4244/1/pibic_inpa.pdf
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3 Indirect ecosystem effects 9.1.3 Type Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional high
O chorume gerado do aterro sanitário da cidade de Manaus, contem alta concentração dos metais pesados (Zn, Co, Ni, Cu, Fe, e Pb). Este chorume contamina os corpos hídricos da Bacia do Tarumã-Açu causando impacto ambiental. Segundo Santana e Barroncas (2007) a alta concentração destes metais pesados está muito acima dos valores permitidos pela resolução 357/2005 do CONAMA.
Referências:
  1. Santana, G.P., Barroncas, P. de S.R., 2007. Estudo de metais pesados (Co, Cu, Fe, Cr, Ni, Mn, Pb e Zn) na Bacia do Tarumã-Açu Manaus (AM). Acta Amaz. 37, 111–118. URL https://doi.org/10.1590/S0044-59672007000100013

Ações de conservação (3):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018).
Referências:
  1. Pougy, N., Martins, E., Verdi, M., Fernandez, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G. (Orgs.), 2018. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Estado do Ambiente-SEA: Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 80 p.
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Espírito Santo - 33 (ES).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Floresta Nacional de Goytacazes e Floresta Nacional de Pacotuba.

Ações de conservação (4):

Uso Proveniência Recurso
1. Food - human natural fruit
O principal uso do huaya indiano é o consumo de frutas frescas, que apresentam grande variedade de sabores (ácido, agridoce, semi-agridoce e doce), formas (elipsoides a ovoides), cores da sarcotesta ou polpa (tons de laranja, vermelho coral a branco) e tamanhos (Jiménez-Rojas et al., 2019). A árvore às vezes é cultivada por seus frutos em quintais e pomares, especialmente no México e na Venezuela, esses frutos às vezes podem ser encontrados à venda em mercados locais (Tropical Plants Database, 2020).
Referências:
  1. Jiménez-Rojas, M.I., Andueza-Noh, R.H., Potter, D., Martínez-Castillo, J., 2019. Huaya India (Melicoccus oliviformis Kunth): domesticación y usos. Cent. Investig. Científica Yucatán, A.C. 11, 211–216.
  2. Tropical Plants Database, 2020. Melicoccus oliviformis. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Melicoccus+oliviformis (acesso em 11 de novembro de 2020).
Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural seed
No que se refere aos usos medicinais, é necessário realizar estudos sobre as propriedades da fruta, já que no huaya cubano foram encontrados no embrião da semente múltiplos compostos biologicamente ativos, principalmente os flavonoides, utilizados no tratamento de infecções intestinais, febre e dor de garganta. No caso da lichia, seu uso tem sido relatado no tratamento de tosses, úlceras estomacais, diabetes, obesidade, dores epigástricas e nevrálgicas (Jiménez-Rojas et al., 2019).
Referências:
  1. Jiménez-Rojas, M.I., Andueza-Noh, R.H., Potter, D., Martínez-Castillo, J., 2019. Huaya India (Melicoccus oliviformis Kunth): domesticación y usos. Cent. Investig. Científica Yucatán, A.C. 11, 211–216.
Uso Proveniência Recurso
9. Construction/structural materials natural stalk
O huaya indiano é apreciado por sua madeira, que é usada para a construção de casas e ferramentas agrícolas. Além disso, os moradores utilizam os frutos e folhas que caem das árvores como forragem para animais de quintal como galinhas, porcos e ovelhas (Jiménez-Rojas et al., 2019).
Referências:
  1. Jiménez-Rojas, M.I., Andueza-Noh, R.H., Potter, D., Martínez-Castillo, J., 2019. Huaya India (Melicoccus oliviformis Kunth): domesticación y usos. Cent. Investig. Científica Yucatán, A.C. 11, 211–216.
Uso Proveniência Recurso
13. Pets/display animals, horticulture natural whole plant
Também é cultivada como árvore ornamental e de sombra (Tropical Plants Database, 2020).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2020. Melicoccus oliviformis. Ken Fern. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Melicoccus+oliviformis (acesso em 11 de novembro de 2020).